Fonte da imagem: iStock
Acho generalizações cansativas.
Ok, entendo a função delas em alguns contextos, os insights que podem ser aplicados em situações reais, da importância na ciência e na pesquisa social, resumir padrões e fazer inferências a partir de dados. A importância na linguagem pra compreensão e produção de textos mais abrangentes, a utilidade em estatística, análise de dados e tudo mais- Ufa!. Porém, tenho uma imensa preguiça daquelas que inferem sobre a subjetividade humana, do tipo “todo mundo deveria fazer isso” ou “todo mundo que já passou por isso se sente assim”, “todo mundo que tem X condição é desse jeito”, “todo mundo”… caramba.
Me questiono com frequência porque temos tanta dificuldade de assimilar as diferenças, de abraçar isso que não é igual, que faz outro caminho, que desvia do conhecido, que não temos referência única.
Já repararam como a gente costuma pensar em identidade como algo fixo, tipo uma equação matemática que sempre dá o mesmo resultado? Inclusive quando se fala em identidade como a repetição dos nossos comportamentos e emoções, como se a gente tivesse uma essência imutável. Mas será que é assim mesmo?
Se pararmos pra refletir um pouquinho, o questionamento sobre nossas identidades só faz sentido quando a gente olha para a diversidade do mundo ao nosso redor. Ou seja, não é algo fixo, ela muda, se transforma e vai muito além de ser sempre a mesma coisa.
Vejo as diferenças como uma forma enriquecedora de enxergar o mundo, uma maneira bonita de ser surpreendido pelo desconhecido, de se manter curioso em relação as pessoas, de manter aquela magia da vida, daquilo que não é palpável, mas que nos oferece horas de observação e imaginário.
“elementos visíveis e invisíveis, constantes e imprevisíveis, sociais e individuais, manifestos e ocultos, universais e particulares, permanentes e em mutação” (Crochik, 1997, p. 57).
É justamente na diferença que podemos entender o valor de ser humano, valor esse que têm sido submetido às leis do valor e do mercado, afetando o conhecimento de maneira geral, inclusive esse que é subjetivo. E para mim esse é o grande problema que se apresenta, porque nesse processo de generalizações subjetivas, perdemos a parte essencial da nossa humanidade: a capacidade bonita de crescermos e nos transformarmos através do encontro com o novo, com o outro, acabamos perdendo nossa pluralidade, ou sofrendo por conta dela.
E pensando sobre isso, não pretendo encerrar as questões, nem oferecer respostas que não possuo, mas me conectar cada vez mais com pessoas de verdade, pra nossa diversidade nos orientar.
Que a gente pense sobre isso, e não se perca nas generalizações e nos modelos oferecidos com a intenção de nos silenciar.
Beijos e cuidem das suas cabecinhas!
Me lembrou as ideias que Ailton Krenak apresenta em "Ideias para adiar o fim do mundo". Acho que é por aí mesmo, a chave para um pensar novo está na diversidade, em enxergar o outro como outro, sem uma generalização pessoal. Essa ideia do "uno" já passou do ponto.