As vezes me pego lembrando de alguma historia absurda que eu vivi na adolescência, ou a energia enorme que eu tinha de sair por aí tomando decisões duvidosas, indo pra lugares duvidosos, com companhia duvidosas e tudo mais que uma garota que estava 100% nem ai pras coisas que me importam agora e fico surpresa com quem venho me tornando ao longo dos anos.
É estranho pensar que agora o que me faz bem é tomar decisões assertivas, passar horas sozinha com meus pensamentos, lendo livros, fazendo arte, brincando com meu cachorro, encontrando com minha família, indo a cafés com amigas e fazendo bobices com meu namorado.
E que perfeito pra mim é quando acordo cedo depois de uma noite bem dormida, com disposição pra fazer qualquer atividade física que me atrair mais naquele momento, tomar meu café da manhã com calma, adicionar cuidado e beleza naquilo que está a minha volta, quando antes era acordar com ressaca moral e mandando mensagem pras amigas pra lembrar tudo que aconteceu na noite anterior, cheia de histórias loucas pra contar.
Veja bem, não é que eu não tenha noites mal dormidas agora ou em um final de semana ou outro também não acorde com ressaca, mas agora quando tudo isso acontece não me sinto mais uma pessoa super interessante que sabe viver, muito pelo contrário.
Definitivamente não sou mais aquela garota que se sentia viva por se colocar em situações absurdas e inusitadas.
Acho que talvez o que tenha mudado seja a minha concepção do que é interessante e que tipo de histórias eu quero viver pra contar.
Volta e meia me pergunto se estou ficando chata? Sim.
E talvez pra alguns eu esteja mesmo, porque o tipo de vida que eu levo é muito mais rotineira do que imaginei que seria um dia, muito mais comum do que eu desejei na minha adolescência e início da vida adulta, mas ela hoje é muito mais cheia de presença, verdade e propósito do que já foi em qualquer outra época da minha vida.
Acho que essas coisas são prêmios que o amadurecimento vai trazendo, apesar do colágeno a menos e cabelos brancos a mais.
Eu sei que muito do que vivo hoje foi por que a garota inconsequente que fui se colocou pra viver tudo que havia pra viver, se permitiu experimentar muito e se descobrir em tudo que ia vivendo. Tenho que dar o mérito pra essa jovem que soube ouvir a voz do seu coração na hora que precisou mudar de rumo, botar o freio pra funcionar e recalcular as rotas em vários momentos que foram necessários, em inúmeras viradas inesperadas que atravessaram seu caminho.
Essa eu do passado me deu sabedoria.
Essa sabedoria faz com que, diferente de antes, hoje eu guie minha vida muito mais alinhada com uma Adriany que só eu conheço, muito íntima, com quem tenho conversas profundas e onde tenho espaço para tomar decisões que me fazem continuar sendo alguém de quem eu me orgulhe.
Ainda tem muitas coisas que quero viver, desejos que quero realizar, histórias que quero construir, mas agora com o pé no chão e sem pressa. Já confio na minha capacidade de me reerguer e me reinventar quando preciso, apesar da ansiedade ainda me derrubar volta e meia.
Envelhecer, amadurecer e ficar chata me fez perceber que o que eu quero mesmo é criar uma vida que seja ideia minha, mesmo que seja comum.
E assim tem sido.
Não sei porque de repente esse tema virou um grande tópico do qual eu quis conversar, talvez seja porque fui lembrada pelo Google de algumas fotos antigas dessa fase da minha vida, cliquei e fui levada pra esse universo do qual um dia eu fiz parte e aí já sabem, não parei de pensar.
Beijos e cuidem das suas cabecinhas, Adriany.