Hoje trouxe a colaboração do
que é economista e Consultor de Investimentos certificado pela ANBIMA e fala sobre dinheiro em suas News.Pedro introduziu um assunto que muito aparece na minha clínica, que é a relação que cada um tem com o dinheiro e como são reducionistas as orientações sobre investimentos disseminadas por ai, visto que deixam de considerar aspectos importantes subjetivos.
Dito isso, vamos começar com as palavras do Pedro.
Uma vida rica começa assim
Toda maratona começa com um primeiro passo. Todo prédio construído começou com um tijolo solitário. Uma jornada não se começa com algo grandioso, mas o sucesso dela está nos detalhes.
E um detalhe muito importante na hora de falar das suas finanças é a sua mente. Você pode dominar todos os conceitos do dinheiro, mas se não tiver psicológico para ele, vai fracassar.
Melhor que falar, é mostrar: segundo o Sindicato dos Bancários, 71% dos bancários disseram ter dívidas. São pessoas que trabalham em bancos, sabem das técnicas do dinheiro e, mesmo assim, caem em dívidas.
Uma pessoa pode ser um mau profissional, mesmo sabendo todas as técnicas da profissão.
Como pode isso?
Eu já disse em minhas news anteriores, mas volto a repetir: 80% de como você lida com o seu dinheiro é sobre as suas emoções. Apenas 20% (pode até ser menos) vai ser o seu conhecimento, de fato.
Por isso, falar de dinheiro como investimentos, apenas, é um erro. Apesar disso, é o que mais vejo na internet. Os maiores influencers de finanças nunca te ensinam a cuidar do dinheiro como, de fato, deve ser: olhando para o dia a dia, suas emoções, suas necessidades e seu contexto.
Uma história real
A introdução do Pedro, me fez lembrar que há alguns anos, atendi um rapaz com seus trinta anos que tinha muita dificuldade em se organizar financeiramente, ele dizia que parecia que quando ele ia conseguir finalmente ajustar as dividas e começar a guardar e quem sabe investir, ele tinha um momento de descontrole e fazia novas divididas, ficando preso nesse ciclo.
Veja bem, não era o caso do rapaz ganhar um salário baixo, ele ganhava o suficiente para suprir as contas advindas de sua moradia, saúde, alimentação e manter certa qualidade de vida. Mas ainda assim, se via preso num ciclo de dividas que sempre recomeçavam quando estavam prestes a terminar.
Durante um tempo, esse rapaz foi contando sobre suas dificuldades na vida, e em vários momentos de frustração, onde ele se sentia “pequeno” em comparação a outras pessoas, se sentia frustrado por não estar ganhando mais, ou queria comemorar alguma conquista gastando mais do que deveria, ele “ouvia” em sua mente a voz de seu pai lhe dizendo que ele nunca seria “ninguém na vida” porque ele não tinha “cabeça”, porque não passava o dia estudando e nem tinha as melhores notas.
Certa vez, quando em mais uma consulta ele me dizia do quanto estava cansado de não conseguir se controlar, ele acabou dizendo “estou cansado de não ter cabeça”. Bem, precisei pontuar que o que ele estava dizendo era o que o pai dele dizia dele, e o questionei se a dificuldade de melhorar em relação ao seu dinheiro, podendo melhorar assim de vida também, não era uma obediência inconsciente ao pai, que já havia morrido, ou mesmo uma maneira de se manter conectado como filho dele, da maneira que ele dizia. Essa pontuação fez muito sentido para ele, que ficou reflexivo com essa possível interpretação.
Pois bem, não vou me alongar no desenrolar dessa história porque foram anos de atendimento deste rapaz até ele ser capaz de compreender os fios que se ligavam a suas dificuldades tanto com o dinheiro quanto com outros processos da vida.
Mas o fato é que, após essa virada de perspectiva, ele começou a ter mais consciência dos momentos onde a força das palavras do pai o atingia, para então poder escolher agir de outra maneira.
Ainda tropeçou em alguns momentos, mas ter a consciência do lugar que isso ocupava para ele, possibilitou que ele não fosse refém de algo que nem mesmo ele entendia, podendo agir de maneira diferente em sua relação com a dividas e com a possibilidade de ter uma vida melhor.
Como dar o passo inicial?
É difícil falar de como o nosso psicológico afeta nosso desenvolvimento financeiro, sem citar os aspectos sociais, culturais e de gênero.
Visto que somos seres que nos desenvolvemos a partir de vários aspectos simultâneos, inclusive aqueles que já nascemos com eles, como os neuropsicológicos.
Mas vou tentar trazer uma reflexão de maneira mais sucinta.
Começo com o seguinte questionamento:
Seus objetivos financeiros, são pensados a partir da sua realidade e dos seus objetivos reais ou daquilo que te disseram que você deveria conseguir?
A partir disso, é importante pensar em um planejamento por pequenas etapas, porque o nosso cérebro lida melhor e se mantem mais consistente quando traçamos objetivos menores por vez, onde conseguiremos perceber de maneira um pouco mais imediata as vantagens de agir de determinada maneira.
Claro, é importante ter um direcionamento a longo prazo também, mas desenhar seus objetivos de três em três meses, por exemplo, talvez te ajude a manter a motivação.
Dito isso, também é importante identificar onde estão seus gatilhos emocionais para ultrapassar os limites de gasto que você se propôs, por exemplo:
-Você consegue identificar qual emoção surgiu que te fez entrar num site de compras e encher o carrinho?
-Você consegue perceber se o dia que ultrapassa seus limites é um dia que não foi muito bom e você passou por alguma frustração?
- Você consegue notar se você tem vontade de gastar mais quando não está bem consigo mesmo, com sua imagem ou capacidade?
Existem diversos questionamentos que podemos nos fazer para entender em que posição colocamos o dinheiro em nossa vida, e se ele está suprindo lugares e faltas que talvez pudessem ser tratados em psicoterapia.
Não se culpe caso ainda não esteja conseguindo atingir seus objetivos financeiros, lembre-se que muitos fatores precisam ser analisados para entender o que está acontecendo, e nossas emoções de fato influenciam muito em como lidamos com um tanto de coisas do nosso dia dia, fazer psicoterapia vai te ajudar a se organizar internamente, entender seus gatilhos e posições diante da vida e consequentemente do seu dinheiro.
Talvez esse seja o primeiro cuidado que você precisa ter com sua vida financeira.
Por hoje é isso :)
Espero que tenham gostado desse assunto novo por aqui e que façam bom proveito.
Beijos e não se esqueçam de cuidar das suas cabecinhas.